quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

Offline na Escola: Educação Além do Celular


O uso excessivo de celulares nas escolas tem gerado preocupações sobre a saúde mental e o desenvolvimento social dos estudantes. Pensando nisso, o guia "Offline na Escola: Educação além do celular" oferece estratégias práticas para equilibrar a tecnologia com atividades enriquecedoras. A Lei nº 15.100/2025, que regula o uso de dispositivos nas escolas, é um dos marcos abordados no guia, incentivando alternativas como leitura, mindfulness, atividades ao ar livre e oficinas artísticas.

Essas práticas não só reduzem o tempo de tela, mas também promovem interação social, criatividade e bem-estar. Além disso, o guia destaca a importância do envolvimento das famílias, criando rotinas equilibradas e incentivando atividades offline.

Baixe agora o guia completo e ajude sua escola ou sua família a adotar práticas que valorizem o desenvolvimento integral dos estudantes, promovendo um ambiente mais saudável e equilibrado.

Clique aqui para baixar o guia "Offline na Escola: Educação além do celular".

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Projeto de Vida e Comunidades Indígenas

O livro Desenvolvendo Habilidades Socioemocionais com Comunidades Indígenas: guia para o componente Projeto de Vida, disponível gratuitamente no Portal de Livros Abertos da USP, é uma obra rica que destaca práticas educativas inovadoras voltadas para o desenvolvimento humano em comunidades indígenas. Este guia tem como objetivo promover a construção de projetos de vida para estudantes do ensino médio, valorizando a ancestralidade, os saberes locais e o protagonismo juvenil.

BAIXE O LIVRO AQUI

A obra foi concebida no contexto do Projeto Pataxó HÃHÃHÃE, uma iniciativa desenvolvida pelo Centro de Psicologia da Saúde da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP em parceria com o Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru, na Bahia. Este projeto emergiu de uma demanda local por metodologias educativas que respeitassem a cultura e os valores da comunidade indígena Caramuru Catarina Paraguaçu. O nome do projeto reflete a identidade do povo Pataxó e destaca a importância da ancestralidade como eixo central.

Um dos pilares centrais do livro é a valorização da ancestralidade e das etnoteorias. O guia enfatiza que as práticas educativas devem ser desenvolvidas a partir dos saberes das próprias comunidades indígenas, rejeitando modelos externos ou colonizadores. Este enfoque é essencial para respeitar a identidade cultural e fortalecer o sentimento de pertencimento dos jovens indígenas.

- A contextualização cultural é apresentada como um caminho para a construção de uma educação verdadeiramente inclusiva e alinhada às necessidades locais.

O livro propõe uma abordagem de educação decolonial, que busca integrar mudanças promovidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. Essa abordagem visa:

- Reconhecer as especificidades históricas e culturais das comunidades indígenas.

- Combater o preconceito e promover o respeito às diversidades étnico-raciais no ambiente escolar.

Este modelo educativo busca fortalecer o protagonismo dos jovens, promovendo reflexões sobre identidade e ancestralidade.

O foco em habilidades socioemocionais é outro ponto forte da obra. O livro discute temas como:

- Autoconhecimento.

- Manejo de emoções.

- Empatia e construção de redes de apoio.

Essas habilidades são trabalhadas de forma contextualizada, sempre respeitando as necessidades específicas das comunidades indígenas.

O livro integra aspectos individuais e coletivos, abordando tanto os desejos pessoais e profissionais dos jovens quanto o impacto de suas escolhas na comunidade. Temas como espiritualidade e ancestralidade são destacados como componentes fundamentais na construção de identidades e projetos de vida.

- Esta abordagem holística reforça a importância de pensar no indivíduo em relação ao coletivo.

O desenvolvimento dos projetos de vida é apresentado como um esforço conjunto entre escola, comunidade e universidade. A obra reforça valores como colaboração, respeito às diversidades e partilha de conhecimentos, mostrando como esses elementos são essenciais para o sucesso da iniciativa.

Como parte do projeto, foram produzidas videoaulas que complementam os temas do livro. Elas estão disponíveis no YouTube e abordam tópicos como:

- Projeto de Vida.

- Saúde mental na adolescência.

- Empatia e diversidade.

- Religiosidade, espiritualidade e ancestralidade.

PLAYLIST NO YOUTUBE

Esses materiais são uma excelente ferramenta para ampliar o alcance e o impacto das discussões apresentadas no livro.

O livro Desenvolvendo Habilidades Socioemocionais com Comunidades Indígenas é mais do que um guia educativo: é um convite à reflexão sobre como construir um futuro que respeite e valorize as especificidades culturais das comunidades indígenas. Ao explorar temas como educação decolonial, protagonismo juvenil e integração multidimensional, a obra oferece um modelo de prática pedagógica que pode inspirar educadores, gestores e comunidades em todo o país.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

Minecraft e suas possibilidades na Educação

Minecraft, especialmente em suas versões Bedrock e Education Edition, tem se consolidado como uma ferramenta poderosa no ensino, transformando a sala de aula em um ambiente dinâmico e colaborativo. Longe de ser apenas um jogo, o Minecraft oferece uma plataforma rica para o aprendizado ativo, permitindo que alunos de todas as idades desenvolvam habilidades cruciais para o século XXI, como criatividade, pensamento crítico e trabalho em equipe.

A versão Education Edition foi desenvolvida especificamente para fins pedagógicos, permitindo que professores guiem atividades interativas e personalizadas. Entre suas funcionalidades, destacam-se: ferramentas para acompanhamento do progresso dos alunos, criação de mundos adaptados a diferentes disciplinas e integração de conteúdos interdisciplinares, como matemática, história e ciências. Essa plataforma tem se mostrado particularmente eficaz para aumentar o engajamento, tornando o aprendizado mais atrativo e significativo.

O Minecraft oferece uma série de benefícios no contexto educacional. Primeiramente, ele transforma o aprendizado em uma experiência ativa e prática. Os alunos deixam de ser meros receptores de informação e se tornam criadores, podendo, por exemplo, projetar cidades sustentáveis, explorar biomas ou simular fenômenos naturais. Essa abordagem promove uma compreensão mais profunda dos conceitos e estimula a curiosidade.

Além disso, o Minecraft é uma ferramenta inclusiva. Sua flexibilidade permite adaptações para diferentes perfis de estudantes, incluindo aqueles com necessidades especiais. O ambiente digital nivela o campo de atuação, permitindo que todos os alunos participem de maneira igualitária. A gamificação das atividades, por sua vez, aumenta a motivação e o engajamento, essenciais para o sucesso educacional.

Outro aspecto relevante é o desenvolvimento de habilidades técnicas e socioemocionais. Ao trabalhar em equipe para resolver desafios ou construir projetos, os alunos aprendem a colaborar, comunicar-se e respeitar diferentes perspectivas. Ao mesmo tempo, a interação com recursos como Redstone e Code Builder possibilita a introdução à programação e ao design digital, competências cada vez mais valorizadas no mercado de trabalho.

Para aproveitar ao máximo o potencial do Minecraft, é fundamental que seu uso esteja alinhado ao currículo escolar e aos objetivos pedagógicos. Atividades como reconstruir civilizações antigas em aulas de história, criar ecossistemas em ciências ou explorar figuras geométricas em matemática são exemplos de como o jogo pode ser integrado ao ensino de forma prática e interdisciplinar.

A capacitação de professores é outro elemento essencial. É necessário que os educadores estejam familiarizados com as funcionalidades do Minecraft e saibam planejar atividades que promovam o aprendizado de maneira estruturada. A formação docente deve incluir não apenas o uso técnico do jogo, mas também estratégias para gerenciar dinâmicas de grupo e avaliar o progresso dos alunos.

A atenção à ética e à proteção de dados também é indispensável. Com a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as instituições educacionais devem garantir que os dados dos alunos estejam protegidos e que pais e responsáveis sejam informados sobre o uso dessas informações. Isso inclui a adoção de sistemas de segurança digital e a promoção da ética digital entre os alunos.


Exemplos de Atividades no Minecraft

O Minecraft possibilita uma ampla variedade de atividades educacionais criativas e impactantes. Algumas ideias incluem:

- Simulação de cidades inteligentes: Os alunos podem projetar cidades que utilizem soluções sustentáveis, como energia solar e reaproveitamento de água, promovendo consciência ambiental e habilidades de planejamento.

- Exploração de fenômenos naturais: É possível simular vulcões, terremotos ou cadeias alimentares, permitindo a integração de conceitos de física, geografia e biologia.

- Introdução à programação: O recurso **Code Builder** oferece uma plataforma para ensinar linguagens como Python e JavaScript, incentivando o raciocínio lógico e o pensamento computacional.

- Criação de narrativas: A construção de mundos baseados em textos literários ou históricos estimula a criatividade e o entendimento crítico de conteúdos.

- Projetos interdisciplinares: Alunos podem combinar disciplinas ao construir, por exemplo, uma réplica de uma civilização antiga, analisando sua arquitetura, economia e cultura.

Embora o uso do Minecraft traga inúmeras vantagens, sua implementação também apresenta desafios. A infraestrutura tecnológica das escolas deve ser adequada, garantindo acesso a equipamentos e conexões de internet. Além disso, o planejamento pedagógico precisa ser criterioso, alinhando as atividades no jogo com os conteúdos curriculares.

Outro desafio é a formação contínua dos professores. Sem o treinamento necessário, o potencial do Minecraft como ferramenta pedagógica pode ser subaproveitado. Por fim, o uso responsável de dados e a conscientização sobre ética digital são essenciais para garantir um ambiente seguro e respeitoso.

O Minecraft tem o poder de transformar o ensino, unindo aprendizado e diversão em uma experiência única. Com sua capacidade de engajar, inspirar criatividade e promover habilidades técnicas e socioemocionais, ele se tornou uma ferramenta indispensável para a educação moderna. Quando utilizado com planejamento, ética e inovação, o Minecraft não apenas prepara os alunos para os desafios do futuro, mas também torna o processo de aprendizado mais significativo e memorável.


segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

Livros Didáticos de Projeto de Vida no Ensino Médio

 


Quando penso nos desafios do ensino médio no Brasil, uma questão que me vem à mente é como os livros didáticos desempenham um papel crucial no apoio aos alunos. Mais do que simples ferramentas para transmitir conteúdo, eles ajudam a moldar futuros e a construir perspectivas. 

O ensino médio é um momento escolar importantíssimo, especialmente porque é a ocasião em que os jovens começam a tomar decisões que moldarão o resto de suas vidas – seja na escolha de uma carreira, na formação de seus valores ou no entendimento de seu papel na sociedade. Nesse contexto, o Projeto de Vida surge como uma disciplina estratégica para ajudar esses jovens a desenvolver autoconhecimento, cidadania ativa e planejamento profissional.

Os livros didáticos são ferramentas fundamentais nessa jornada, pois estruturam o aprendizado em torno de temas relevante, promovem a reflexão sobre questões contemporâneas e oferecem atividades que conectam os estudantes a suas próprias realidades.

Percercebi que os livros didáticos avaliados no Guia PNLD 2021 foram submetidos a  alguns critérios:

Conformidade com a legislação: Cada livro precisa estar alinhado com a BNCC, a LDB e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Isso assegura que eles abordem os direitos dos estudantes e promovam uma educação inclusiva.

Qualidade pedagógica: A clareza dos textos, a organização editorial e a relevância das atividades são essenciais para engajar os jovens.
 
Inclusão de temas contemporâneos: Sustentabilidade, cidadania digital e direitos humanos são exemplos de tópicos que ajudam os estudantes a se conectar com o mundo atual.
 

Diversidade e direitos humanos: É imprescindível que os livros combatam estereótipos e representem a pluralidade cultural, étnica e social do Brasil.

Entre os destaques dos materiais analisados, alguns pontos fortes chamaram minha atenção:

  1. Abordagem multidimensional: Os livros exploram o desenvolvimento pessoal, cidadão e profissional, promovendo uma formação integral.
  2. Protagonismo juvenil: Muitos materiais incentivam os estudantes a serem ativos em seu processo de aprendizagem. Isso se reflete em atividades que promovem autoconhecimento e pensamento crítico.
  3. Diversidade cultural: É inspirador ver livros que valorizam a cultura brasileira, abordando temas como igualdade de gênero e direitos humanos.
  4. Conexão com o mundo do trabalho: Ajudar os jovens a entender o mercado de trabalho e planejar suas carreiras é essencial, e esses livros fazem isso de forma prática e objetiva.

Entretanto, apesar dos avanços, alguns desafios permanecem:

  • Falta de contextualização: Muitos livros ainda carecem de sensibilidade para dialogar com as realidades regionais dos estudantes. Um material que funciona bem em um grande centro urbano pode não ter o mesmo impacto em uma escola rural.
  • Complexidade da linguagem: Alguns textos são excessivamente técnicos ou difíceis de compreender, o que pode afastar os jovens.
  • Recursos digitais limitados: Embora o uso de tecnologias esteja crescendo, muitos livros ainda não exploram plenamente o potencial de ferramentas digitais interativas.

Se você é professor ou gestor escolar, escolher o livro didático certo é uma decisão importante. Com base nas orientações do documento, aqui estão algumas dicas:

  • Alinhe ao projeto político-pedagógico: Certifique-se de que o livro está em sintonia com os valores e objetivos da escola.
  • Considere o contexto local: Opte por materiais que reflitam a realidade dos estudantes e valorizem suas culturas regionais.
  • Priorize clareza e acessibilidade: Um texto fácil de entender e atrativo para os jovens é essencial.
  • Explore recursos diversos: Combinar texto, imagens e tecnologia pode tornar a aprendizagem mais dinâmica.
  • Consulte a comunidade escolar: Envolver professores, alunos e famílias na escolha do material pode trazer perspectivas valiosas.

Com essas práticas, é possível garantir que o livro didático escolhido realmente contribua para o crescimento e a formação dos estudantes.Mas, como qualquer ferramenta, eles só serão eficazes se forem escolhidos e utilizados com critério. Cabe a nós, como educadores, gestores e membros da sociedade, garantir que esses materiais reflitam os valores que queremos transmitir e que realmente atendam às necessidades dos estudantes.


domingo, 22 de dezembro de 2024

Deleuze, Paulo Freire e aprendizagem apoiada por IAs


A educação contemporânea enfrenta desafios e oportunidades em um mundo em rápida transformação. Nesse contexto, as ideias de Gilles Deleuze e Paulo Freire oferecem um rico terreno filosófico para repensar práticas pedagógicas. Ao incorporar a Inteligência Artificial (IA), é possível imaginar uma educação que não apenas se adapta aos tempos modernos, mas também promove autonomia, criatividade e conscientização crítica.


Deleuze e a Educação como Processo Criativo

Gilles Deleuze, filósofo francês, redefiniu a maneira como entendemos a educação. Ele propôs a pedagogia do conceito, enfatizando o aprendizado como um processo dinâmico de interpretação e criação, em vez de uma mera transmissão de conhecimento. Segundo Deleuze, o verdadeiro aprendizado ocorre em encontros significativos com signos, onde alunos interpretam e criam novos significados, tornando-se agentes ativos em sua formação.

Em suas críticas ao modelo pedagógico tradicional, Deleuze destaca o papel limitante da ordem e da linguagem padronizada. Para ele, a educação deveria fugir da rigidez do "certo e errado" e oferecer espaços onde o pensamento crítico e a criatividade pudessem florescer. Um conceito fundamental em sua obra é o rizoma, uma metáfora para um sistema de aprendizado horizontal e interconectado, no qual múltiplos caminhos e conexões são possíveis.

Essa perspectiva abre possibilidades para uma educação que não se limita à sala de aula tradicional. Em vez disso, propõe um ambiente de aprendizado fluido, adaptativo e centrado na experimentação.

Paulo Freire e a Educação como Ato Político

Paulo Freire, por sua vez, trouxe uma visão profundamente política da educação. Para ele, ensinar não era apenas transferir conhecimento, mas um ato de conscientização crítica, capaz de transformar realidades sociais. Freire criticava a pedagogia bancária – onde o professor deposita conhecimento nos alunos – e defendia uma educação dialógica, construída coletivamente entre educadores e educandos.

Freire via a educação como ferramenta para combater desigualdades e empoderar os marginalizados. Ele argumentava que o aprendizado deveria ser contextualizado na realidade do aluno, promovendo a autonomia e preparando-o para agir sobre sua própria história.

Pontos de Conexão entre Freire e Deleuze

Embora tenham origens e trajetórias diferentes, as ideias de Deleuze e Freire convergem em aspectos cruciais:

  1. Autonomia e Participação Ativa: Ambos criticam a centralização do conhecimento e defendem a participação ativa dos alunos no processo educativo. Enquanto Freire fala de uma educação libertadora, Deleuze sugere um aprendizado rizomático, no qual múltiplos caminhos se interconectam.

  2. Educação como Transformação Social: Freire enfatiza a conscientização para transformar a realidade, enquanto Deleuze vê a educação como espaço para desafiar normas estabelecidas e criar novas formas de ser e pensar.

  3. Crítica ao Ensino Tradicional: Os dois criticam modelos hierárquicos que tratam o aluno como receptor passivo de informações, propondo abordagens mais colaborativas e dinâmicas.


A integração da IA na educação tem o potencial de catalisar as ideias de Deleuze e Freire. Ferramentas baseadas em IA podem transformar práticas pedagógicas de várias maneiras:

1. Personalização do Aprendizado

A IA permite que os conteúdos e métodos sejam ajustados às necessidades individuais de cada aluno. Isso ressoa com a pedagogia de Freire, que defende uma educação contextualizada na realidade do aluno. Com algoritmos inteligentes, é possível oferecer experiências de aprendizado personalizadas, respeitando o ritmo e os interesses de cada estudante.

2. Estímulo ao Pensamento Crítico

Deleuze enfatiza a importância de questionar e reinterpretar. Sistemas de IA podem ser usados para incentivar os alunos a explorar ideias, desenvolver hipóteses e analisar dados, promovendo um aprendizado mais investigativo e crítico.

3. Apoio ao Professor como Mediador

Com a automatização de tarefas administrativas pela IA, como a correção de provas ou o planejamento de atividades, professores podem se concentrar em papéis mais criativos e interativos. Essa abordagem reforça as ideias de Freire e Deleuze sobre o professor como facilitador do aprendizado.

4. Inclusão e Acessibilidade

A IA pode ajudar a tornar a educação mais inclusiva. Ferramentas como leitores de tela e tradutores automáticos oferecem suporte a alunos com necessidades especiais, garantindo que mais pessoas tenham acesso ao aprendizado.

5. Criação de Ambientes Colaborativos

Plataformas digitais apoiadas por IA facilitam projetos colaborativos, permitindo que alunos compartilhem ideias e aprendam uns com os outros. Essa abordagem dialoga com a ideia de rizoma de Deleuze, onde o aprendizado ocorre em redes interconectadas.

6. Desenvolvimento da Autonomia

Com feedback imediato e adaptativo, a IA pode ajudar os alunos a identificar e superar suas dificuldades de forma autônoma. Essa capacidade reflete a ênfase de Freire na formação de indivíduos críticos e independentes.

Desafios e Considerações Éticas

Apesar do potencial, a integração da IA na educação exige atenção a desafios éticos e sociais. Questões como privacidade de dados, viés algorítmico e dependência excessiva de tecnologia precisam ser enfrentadas. Além disso, é crucial garantir que a IA complemente, e não substitua, o papel humano na educação.

Freire e Deleuze nos lembram que a educação é, acima de tudo, um ato humano. A tecnologia deve servir para ampliar as possibilidades de aprendizado, mas nunca à custa do pensamento crítico, da autonomia e da criatividade.

Ao combinar as ideias de Freire e Deleuze com as possibilidades oferecidas pela IA, podemos imaginar uma educação mais inclusiva, personalizada e transformadora. Essa abordagem não apenas prepara os alunos para os desafios de um mundo digital, mas também os capacita a serem agentes ativos na construção de uma sociedade mais justa e criativa.

O futuro da educação está na interseção entre tecnologia e humanismo. Cabe a educadores, filósofos e tecnólogos trabalhar juntos para criar práticas pedagógicas que honrem a singularidade de cada aluno, promovam a colaboração e incentivem a transformação social. Como diria Freire, "ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo; os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo". Que essa mediação, agora, conte também com a IA como aliada.

Direitos Humanos e Projetos de Vida das Juventudes no Brasil

 

A juventude representa uma fase crucial na construção de projetos de vida, mas também é um período em que desafios sociais, econômicos e culturais podem interferir significativamente na capacidade de planejamento e realização de sonhos. No Brasil, a articulação entre direitos humanos e projetos de vida das juventudes emerge como uma prioridade, destacando a importância de iniciativas que promovam inclusão, cidadania e empoderamento.


A Importância dos Direitos Humanos para as Juventudes

Os direitos humanos oferecem um alicerce essencial para garantir a dignidade e a autonomia dos jovens, permitindo-lhes desenvolver suas potencialidades de forma plena. Conforme o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH), a educação nesse âmbito não é apenas uma ferramenta de aprendizagem, mas também um meio de fortalecer valores como igualdade, equidade e diversidades culturais e sociais.

Uma concepção contemporânea de cidadania ativa e democrática requer a formação de jovens conscientes de seus direitos e deveres, protagonistas de suas histórias. Essa abordagem integra elementos como educação de qualidade, acesso à saúde e oportunidades de trabalho, fundamentais para a construção de projetos de vida viáveis e sustentáveis.

Principais Desafios para os Jovens Brasileiros

Apesar dos avanços normativos, como a implementação do Estatuto da Juventude e a promoção de direitos humanos por organizações da sociedade civil, muitos jovens enfrentam barreiras significativas. Uma fonte importante desses dados é o Atlas das Juventudes Brasileiras. 

 Destacam-se:

1. Insegurança Alimentar e Precariedade Social

A insegurança alimentar é uma realidade alarmante para muitos jovens brasileiros. Além disso, a desigualdade social limita o acesso a recursos básicos e impacta diretamente a capacidade de desenvolver projetos de vida.

2. Desemprego e Precarização do Trabalho

A precarização do mercado de trabalho, marcada por subempregos e altas taxas de desocupação, compromete o futuro profissional dos jovens. Essa situação agrava a ansiedade e a depressão, problemas que também têm se intensificado no contexto pós-pandemia.

3. Violência e Discriminação

A violência continua sendo uma das principais causas de morte entre jovens no Brasil, especialmente em comunidades vulneráveis. Grupos minorizados enfrentam discriminações estruturais, que dificultam ainda mais o acesso a direitos fundamentais.

Educação em Direitos Humanos como Ferramenta de Transformação

A educação em direitos humanos desempenha um papel crucial na capacitação dos jovens para que se tornem agentes de mudança em suas comunidades. Iniciativas como o Projeto Educação em Direitos Humanos da Universidade de Passo Fundo (UPF) e programas de inclusão social têm demonstrado resultados positivos ao incentivar a participação cidadã e o empoderamento juvenil.

Iniciativas Relevantes no Brasil

  1. Prêmio Brasil Amigo da Criança: Reconhece projetos que promovem os direitos de crianças e adolescentes, abordando temas como educação e prevenção ao abuso sexual.

  2. Projeto de Extensão Juventude, Direitos Humanos e Inclusão Social: Oferece experiências práticas que promovem a inclusão social e fortalecem a autoestima dos jovens.

  3. Capacitação Profissional: Projetos voltados para a formação de adolescentes em situação de vulnerabilidade contribuem para reduzir o trabalho infantil e aumentar a participação no mercado formal de trabalho. Por exemplo, o PROJOVEM.

Essas iniciativas têm mostrado impactos significativos, incluindo:

  • Aumento na taxa de jovens que retornam às escolas.

  • Redução dos índices de violência.

  • Maior engajamento comunitário e participação em organizações sociais.

O Papel das Políticas Públicas

Políticas públicas voltadas à educação, saúde e inclusão são essenciais para materializar os direitos humanos e possibilitar aos jovens a construção de projetos de vida sustentáveis. O PNEDH destaca a transversalidade da educação em direitos humanos em setores como educação formal, saúde, comunicação e justiça.




Avanços Necessários

  1. Ampliação do Acesso à Educação de Qualidade O fortalecimento do sistema educacional é essencial para garantir que jovens de todas as origens tenham as mesmas oportunidades. Isso inclui investir em escolas em áreas rurais e comunidades vulneráveis.

  2. Fortalecimento de Políticas de Igualdade Programas que combatam a discriminação e promovam a inclusão de grupos históricos excluídos são cruciais para reduzir desigualdades.

  3. Participação da Sociedade Civil A colaboração entre governo e organizações da sociedade civil é fundamental para implementar ações de impacto duradouro.

Vincular os projetos de vida dos jovens aos direitos humanos é mais do que um objetivo político; é uma necessidade para construir uma sociedade mais justa e equitativa. Por meio de iniciativas educacionais, formação cidadã e fortalecimento das políticas públicas, é possível garantir que cada jovem tenha a oportunidade de se tornar protagonista de sua história.

Ao priorizar a inclusão social e o empoderamento juvenil, promovemos um futuro onde os direitos humanos sejam plenamente respeitados e os sonhos das juventudes possam se transformar em realidade.

domingo, 7 de janeiro de 2024

Projeto de Vida na BNCC: primeiras reflexões

    Desde 2017, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB, Lei de nº 9.394/96) passou a exigir que os currículos do ensino médio considerassem a construção do projeto de vida dos estudantes como um dos objetivos da formação integral.
§ 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar a formação integral do aluno, de maneira a adotar um trabalho voltado para a construção de seu projeto de vida e para sua formação nos aspectos físicos, cognitivos e socioemocionais. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017)

    Entretanto, a terceira versão da Base Nacional Comum Currícular (BNCC), versão que está atualmente em voga, apresenta pouquíssimos elementos sobre projeto de vida ao longo de suas 600 páginas. Quando traz o tópico, não aponta necessariamente quais bases epistemológicas são as que precisariam ser seguidas, considerando que a BNCC é o documento normativo que direciona todos os estados brasileiros e distrito federal na elaboração de seus documentos currículares.

    Como a BNCC não trouxe essas informações de forma completa, cada gestão estadual desenvolveu e adotou diversas perspectivas de projeto de vida na elaboração de seus documentos curriculares, ora estabelecendo projeto de vida como disciplina - com ou sem atribuição de notas, ora como componente transversal às outras disciplinas, ora como projeto, ou como uma trilha, etc. A ausência de documentos oficiais por parte do Ministério da Educação (MEC), até agora, causa bastante desconforto e insegurança nas professoras e professores.

    Sem o MEC na liderança dessa discussão, o espaço ficou aberto para que institutos estabelecessem parcerias público-privadas com as secretarias estaduais e municipais de educação, objetivando a venda de "pacotes" sobre projeto de vida dos mais variados modelos, nem sempre rigorosos o suficiente e com as evidências científicas fundamentais para a presença de qualquer conteúdo dentro da escola, que é um dos primeiros e, se não, o principal espaço de divulgação científica que existe hoje em nosso país. Com isso, não digo que toda parceria rendeu frutos ruins, mas que nem todos os frutos dessas parcerias foram bons.

    Sobre essa questão curricular de projeto de vida entre BNCC e currículos estaduais, escrevi um resumo expandido para o Colóquio da Rede de Pesquisa sobre o Ensino Médio (REPPEM), que aconteceu em 2023. O trabalho, intitulado "PROJETO DE VIDA: DIFERENÇAS CONCEITUAIS ENTRE A BNCC E OS CURRÍCULOS IMPLEMENTADOS NO ENSINO MÉDIO BRASILEIRO", está disponível nos anais publicados no site, assim como, os demais trabalhos apresentados no colóquio. Por minha pesquisa se tratar ainda de uma pesquisa em estado inicial, os dados apresentados são preliminares.

    Em suma, é necessário compreender que a BNCC não dá conta de explicar, de maneira pormenorizada, o que seria o projeto de vida, para que serve, como fazer, onde buscar fontes confiáveis, etc. Tanto a LDB quanto a Base não trazem informações suficientes para dar nortes aos docentes e às equipes das secretarias de educação, o que acaba gerando todo tipo de discurso sobre projeto de vida, muitas vezes, incorretos e incipientes. 

    Desde a perspectiva "coach", com alta adesão ao paradigma neoliberal e de responsabilização individual pelo sucesso; passando pela percepção de que o projeto de vida é algo individual apenas, sem diálogo com os projetos de vida coletivos; ou o discurso psicologizante e até estigmatizante - misturando, assim, "projeto de vida" com "educação socioemocional" (que são muito diferentes!); ou, até mesmo, a perspectiva que o projeto de vida é algo que tem uma fórmula pronta e que é uma tecnologia de empreender a vida.

    Quem conseguiu ter acesso à fontes fidedignas, científicas sobre projeto de vida, sabe que não é bem assim. A oriegem de projeto de vida, ou projeto vital, tem raízes fortes ligadas à psiquê humana e habilidades cognitivas de prefiguração do futuro, tendo como ponto de partida o contexto atual da pessoa. Portanto, podemos dizer que projeto de vida tem seu "nascimento" na seara da psicologia e estabelece, em seguida, um diálogo importantíssimo com o direito, sendo entendido por este como um direito humano, ou seja, o direito de ter liberdade para pensar e projetar(planejar) a sua vida com liberdade e dignidade.

    Para poder trazer essa explicação de forma o mais completa e densa possível, deixarei para o próximo post o aprofundamento daquilo que chamo de referências necessárias para entender o que é e o que não é projeto de vida. Até lá! ☺


Offline na Escola: Educação Além do Celular

O uso excessivo de celulares nas escolas tem gerado preocupações sobre a saúde mental e o desenvolvimento social dos estudantes. Pensando n...