A obra foi concebida no contexto do Projeto Pataxó HÃHÃHÃE, uma iniciativa desenvolvida pelo Centro de Psicologia da Saúde da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP em parceria com o Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru, na Bahia. Este projeto emergiu de uma demanda local por metodologias educativas que respeitassem a cultura e os valores da comunidade indígena Caramuru Catarina Paraguaçu. O nome do projeto reflete a identidade do povo Pataxó e destaca a importância da ancestralidade como eixo central.
Um dos pilares centrais do livro é a valorização da ancestralidade e das etnoteorias. O guia enfatiza que as práticas educativas devem ser desenvolvidas a partir dos saberes das próprias comunidades indígenas, rejeitando modelos externos ou colonizadores. Este enfoque é essencial para respeitar a identidade cultural e fortalecer o sentimento de pertencimento dos jovens indígenas.
- A contextualização cultural é apresentada como um caminho para a construção de uma educação verdadeiramente inclusiva e alinhada às necessidades locais.
O livro propõe uma abordagem de educação decolonial, que busca integrar mudanças promovidas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e pelas Diretrizes Curriculares Nacionais. Essa abordagem visa:
- Reconhecer as especificidades históricas e culturais das comunidades indígenas.
- Combater o preconceito e promover o respeito às diversidades étnico-raciais no ambiente escolar.
Este modelo educativo busca fortalecer o protagonismo dos jovens, promovendo reflexões sobre identidade e ancestralidade.
O foco em habilidades socioemocionais é outro ponto forte da obra. O livro discute temas como:
- Autoconhecimento.
- Manejo de emoções.
- Empatia e construção de redes de apoio.
Essas habilidades são trabalhadas de forma contextualizada, sempre respeitando as necessidades específicas das comunidades indígenas.
O livro integra aspectos individuais e coletivos, abordando tanto os desejos pessoais e profissionais dos jovens quanto o impacto de suas escolhas na comunidade. Temas como espiritualidade e ancestralidade são destacados como componentes fundamentais na construção de identidades e projetos de vida.
- Esta abordagem holística reforça a importância de pensar no indivíduo em relação ao coletivo.
O desenvolvimento dos projetos de vida é apresentado como um esforço conjunto entre escola, comunidade e universidade. A obra reforça valores como colaboração, respeito às diversidades e partilha de conhecimentos, mostrando como esses elementos são essenciais para o sucesso da iniciativa.
Como parte do projeto, foram produzidas videoaulas que complementam os temas do livro. Elas estão disponíveis no YouTube e abordam tópicos como:
- Projeto de Vida.
- Saúde mental na adolescência.
- Empatia e diversidade.
- Religiosidade, espiritualidade e ancestralidade.
Esses materiais são uma excelente ferramenta para ampliar o alcance e o impacto das discussões apresentadas no livro.
O livro Desenvolvendo Habilidades Socioemocionais com Comunidades Indígenas é mais do que um guia educativo: é um convite à reflexão sobre como construir um futuro que respeite e valorize as especificidades culturais das comunidades indígenas. Ao explorar temas como educação decolonial, protagonismo juvenil e integração multidimensional, a obra oferece um modelo de prática pedagógica que pode inspirar educadores, gestores e comunidades em todo o país.
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